quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Zarpar

Olá. Após quase um ano fechado, este espaço alternativo composto por tantas diferentes e belas nuances está oficialmente reaberto para os sonhadores que buscam navegar no mar do abstrato.Sejam bem-vindos! Estou há tempos sem escrever, então perdoem-me por este texto experimental que lhes apresento hoje. Me dedicarei a contar histórias fictícias e metafóricas com mensagens ocultas, a princípio. Apreciem...


O homem tinha ouro e prata nos dentes, e cuspia palavras de baixo calão aos marinheiros.
Pobres subordinados.
As palavras imundas subiam aos céus e se misturavam às nuvens negras da tempestade.
Pareciam nuvens de fuligem.
No entanto palavras essas que não se dissipavam, conflitavam com os pensamentos altos de alguém.
Ah, aquele jovem.


Um cordão prateado amarrava-se a cada e todo pensamento do jovem sonhador. O cordão se rompia a cada berro do velho pirata que estava a zarpar no seu navio. O porto era triste, melancólico... A cidade arcaica de algum século passado, às costas, também. Pedras mortas compondo muros, ladrilhos partidos tecendo ruazinhas, nas paredes das casas a tinta velha escorria... E não sobrava mais cor.


Mas no porto onde o jovem desperdiçava o não-precioso tempo, sentado na beira do cais de madeira, ele via as cores dos panos que teciam o horizonte: laranja e vermelho do fim do dia sob nuvens tempestuosas, o azul artificial do mar aos pés de todas essas cores acima... Nos seus olhos negros como carvão estava refletido o último olhar dos deuses: o sol, que se punha. E brilhava tanto, aquele sol promissor...


E a noite em breve cairia sobre todos. Os ratos infestariam as ruas, as pessoas se esconderiam em suas casas, os piratas mais uma vez partiriam... Ah, o jovem queria partir.E de repente uma voz aconchegante acariciou-lhe os ouvidos... Uma voz suave, que ecoava e parecia vir do mar. Como se sereias cantassem a ele, ficara encantado.


-"Enfrente teus demônios, querido... Carregue a reluzente esperança no brilho de suas asas... Parta." - Palpitava o coração, como uma mãe que ele nunca tivera.


Levantou-se e correu, com os cabelos negros que nos ombros já formavam cachinhos a balançar contra o vento. Contra tudo e todos, ele corria à outra ponta do cais, para se unir à tripulação pirata que levantava a âncora. Ele escolhera navegar pelo mar da tranquilidade, escolhera mergulhar em águas perigosas, escolhera enfrentar noites tempestuosas, desfrutar de manhãs esperançosas à deriva...


Escolhera enfrentar a vida e vivê-la de sua maneira.

2 comentários:

  1. Ótima volta, Biel! Tinha certeza de que se sairia bem =]
    Bem psicodélico mesmo, haha. Amei *-*
    Beijo!

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  2. Essas histórias me levam longe,foi muito boa a leitura!
    Abraços

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